My first Saramago
Começa como acaba: "No dia seguinte ninguém morreu."
Na livraria tive um impulso e comprei as Intermitências da Morte, de José Saramago. Nunca tinha lido nada do autor por preconceito - e mais umas coisas que não vêm ao caso -, mas há sempre um momento em que os preconceitos caem. A compra despoletou o humor de quem me acompanhava e da menina da livraria. A mulher obriga-o a escrever dois livros por ano para se manter ocupado e não a aborrecer. É uma espécie de Margarida Rebelo Pinto de Lanzarote. Depois de leres isso não penses que me tocas, primeiro lavas as mãos! A senhora escolheu bem, é um dos mais fininhos. Guarde bem o talão, costumamos fazer trocas com a apresentação do comprovativo da compra.
Foi assim que lá trouxe as Intermitências da Morte. Possuída de uma enorme curiosidade devorei as primeiras páginas esperando encontrar parágrafos enormes, sem pontuação e de difícil entendimento.
Esta parte do preconceito está ultrapassada, não abusa da pontuação mas não omitiu nada que até agora me fizesse falta.
Devo acrescentar que trabalho com alguém que usa e abusa das vígulas. Talvez por isso, até gosto mais de um texto onde não esbarro com elas a torto e a direito.
Ninguém morreu por eu ter comprado o livro, nem morrerá se começar a gostar de Saramago e constatar que andei anos a fazer um juízo errado da obra do senhor.
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