Ingénua formiga!
Dizer que se vê o fiel ou infiel - ainda que ocasionalmente e apenas em determinadas circunstâncias como seja a de aproveitar o serão para passar a ferro, tarefa que não deixa ter olhos para a televisão e etc. - é coisa que não se faz. Podem ver-se todos os reality shows, o telejornal e as novelas da TVI, mas o João Kleber, mesmo que por mera curiosidade científica, não! É muita vergonha! Pois é, eu sei, mas já vi bem uma meia-dúzia de vezes. Em todas as emissões a cena se repete: o João entusiasma-se, ou faz de conta, e começa a gritar "pára, pára, pára ágora" - no momento em que a gravação da pouca-vergonha está prestes a começar - "cê vai querê vê áté o fim?" -, pergunta a quem encomendou a um(a) prostituto(a) qualquer - que ali assume a profissão de actor - a sedução do amor da sua vida, com quem pensa vir a casar daí a um mês. A resposta é "não, começou, agora quero ver até ao fim". Assegurada a convicção da decisão, com um "tem cértêza?", lá prossegue a pouca-vergonha entre sedutor(a) e seduzido(a).
Mas o pior de tudo não é o programa, sou eu, que, invariavelmente, fico à espera do momento em que o(a) seduzido(a) não se deixa seduzir e demonstra fidelidade ao(à) namorado(a), marido(mulher), companheiro(a) ou, sei lá que nome dar, a quem encomenda um teste de fidelidade à pessoa com quem partilha a vida e, ainda por cima, se presta a mostrar os cornos na televisão.
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