Hoje apanhei uma camada de nervos!
Ia no metro sentadinha a ler o meu Saramago - bem disposta, portanto - quando uma porcalhona, toda asseadinha por fora, se senta no lugar à minha frente onde alguém tinha deixado pousado um jornal do metro. A badalhoca, que trazia o seu próprio jornal, não vai de modas: agarra no que lá estava, senta-se e deita-o para o chão. Ficou mesmo debaixo do banco onde se sentou. Pronto, o meu coração começou aos pulos, os nervos apoderaram-se de mim e as palavras queriam saltar-me da boca à força toda. Desconcentrada da leitura, imaginei diálogos: o que lhe devia dizer e as eventuais respostas que podia ouvir. Contive-me, não fosse a maluca começar a puxar-me os cabelos ali mesmo e eu, se calhar, ficava sem acção. Mas aquilo não podia ficar assim e a porcalhona tinha de perceber a porcaria (verdadeira m*, melhor dizendo) que tinha feito. Bem, mas eu estava com uns nervos!... Um pouco antes de chegar à minha estação de destino levantei-me, baixei-me devagarinho mesmo ao lado dela e apanhei o jornal do chão. Quando estava a levantar-me rocei-lho no braço mas a porca nem levantou os olhos. O que me apetecia mesmo era esfregar-lho na cara e besuntar o batonzinho encarnado que levava na boca com a tinta de impressão do jornal.
Ai que camadinha de nervos me dão certas pessoas!
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